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Apollonia Saintclair

Desarmando o inimigo

Estava em Recife a trabalho para participar de um encontro que reuniria várias empresas. Teriam palestras, rodas de discussões, feira... resumindo, pura correria. Seriam dois dias na terra do frevo e não teria tempo para mais nada a não ser trabalhar (pelo menos era a intenção). Logo no primeiro dia  de compromisso resolvi participar de uma palestra que julguei interessante e quase caí tesa no chão quando o palestrante subiu ao palco e em câmera lenta me vi com 17 anos na casa de minha avó.

Eu e Raul éramos cão e gato. Não tinha jeito da gente se dar bem. Sempre estávamos nos provocando, pirraçando e excluindo o outro dos compromissos com a galera. Ele era muito amigo dos meus primos e por ser vizinho de nossa avó, sempre estava na casa dela. A diversão dele era me tirar do sério, o que conseguia com louvor até o dia que mudei a estratégia.

Estava tentando dormir no sofá na saleta de minha avó, quando ele chegou com meus primos para jogar vídeo game. “O chato”, pensei e ouvi meu primo o advertindo: “cara, deixa ela quieta. Bom, vou subindo”. Meu coro cabeludo coçou porque eu sabia que ele iria aprontar algo... e comigo. Continuei deitada de barriga para cima fingindo dormir. Senti que ele estava no topo da minha cabeça.... esperei... e para meu espanto senti uns lábios úmidos tocarem rapidamente os meus. Permaneci imóvel. E mais uma vez ele me beijou... e eu abri os olhos.

De minha posição, a visão que eu tinha era como se ele estivesse de ponta cabeça... e me encarava com cara de deboche esperando minha reação... explosiva?!... seria, mas eu estendi meus braços, entrelacei meus dedos pela sua nuca e o aproximei... no primeiro momento ele resistiu, mas logo se deixou levar. Uau! Que beijo! Nossas línguas se tocaram de uma forma diferente... uma sobre a outra. Hum que delícia ... Nos encaramos ofegantes... por tesão ou choque?... sorrimos e ele sumiu pela porta. E por todo o verão daquele ano mantivemos esse ritual. O sofá, eu, ele e nossos beijos... em valete... em segredo... sem dizer uma única palavra.

E agora lá estava ele... o quê? 15 anos depois? Ao final da palestra fui cumprimentá-lo esperando que ele me reconhecesse. “Ótima palestra”, sorri apertando sua mão. “Obrigado. Venha amanhã. O assunto será interessante”,  falou já sendo solicitado por outra pessoa. “Será que mudei tanto assim?, pensei um tanto irritada indo embora. No dia seguinte passei longe da palestra dele e segui meu dia. Mas para minha surpresa, no encerramento do evento na saída indo embora, ouvi uma voz conhecida atrás de mim: “Sua avó ainda tem aquele sofá?”. Um comichão tomou conta de mim. O encarei e respondi: “Na mesma saleta”.  “Consegui te irritar fingindo não te reconhecer?”, ele me provocou. “Nem um pouco”, menti. Sorrimos.

Depois de aceitar sua carona até o hotel, falamos pouco durante o percurso e rimos ao lembrar daqueles beijos improváveis. A noite lá fora estava agradável, o clima no carro era gostoso e comecei a cogitar se deveria ou não convidá-lo para subir. “Conclua esse ciclo, mulher”, me veio esse pensamento e olhando para frente perguntei: “Quer subir?”. “Claro!”, respondeu decidido.

No elevador ficamos afastados e em silencio nos encaramos. Notei seu peito encher de ar e esvaziar. Ele estava ansioso e também queria terminar o que começamos naquele verão... Não sabíamos quase nada sobre o nosso presente, mas não importava. Mais uma vez estávamos ali, juntos, sem dizer uma palavra. Assim que entramos no quarto ele pegou no meu braço e seu olhar era selvagem. Eu o puxei e - dessa vez sem nenhuma resistência - nos beijamos... o beijo reverberou em cada ponto do meu corpo. Sem cerimônia, ele segurou a gola da minha blusa e abriu com forço fazendo todos os botões voarem pelo ar. “Uau! Vou mandar a conta”, pensei achando graça. Segurando forte na minha bunda me suspendeu e me agarrei como uma trepadeira em seu corpo. Encontramos uma parede e ele me pressionou... senti sua ereção... gemi em seu ouvido... minha saia na altura dos joelhos já estava encolhido no alto. Com os braços ao redor do seu pescoço me entreguei aquele beijo que me roubava o fôlego e fui tomada por uma vontade louca de deixá-lo nu. Consegui tocar no chão, me afastei um pouco e o observei... estava tão sexy. Com a camisa amarrotada um pouco para fora da calça jeans, os cabelos bagunçados e com o rosto vermelho.

Tirei minha saia e sapatos e fiquei apenas com meu conjunto intimo todo em renda preta. Ele me encarou respirando fundo... me aproximei e comecei a desabotoar bem devagar sua blusa enquanto o empurrava até a lateral da cama (sem sentá-lo). Ele tirou os sapatos e as meias e eu me encarreguei da calça. Acho que nunca fiquei tão fissurada na respiração de alguém. Era tão erótico. Fiz um carinho em seu pau sobre a cueca antes de tira-la... ele gemeu... depois me virei encostando minha bunda nele e pedi que abrisse meu sutiã. Ele foi acariciando dos meus ombros até minha nuca e depois foi descendo com as pontas dos dedos pela minha coluna até o fecho... E pensar que a pouco ele mandou meus botões pelos ares e agora está tão paciente. “Não mudou muito nesses anos”, pensei no momento que me deixava nua.

E ao encarar novamente aqueles olhos pretos, o garoto selvagem estava ali... e ele tinha pressa. Mexendo na calça jeans no chão pegou e colocou a camisinha (“Uau! Saiu preparado. Tão Raul”, pensei), e seguro de como iríamos trepar, me sentou na beira da cama... meu quadril quase para fora... inclinei para trás e apoiei meus cotovelos no colchão passando minhas pernas pelo seu corpo. Segurando forte em minha cintura ele enfiou devagar... me preenchendo... prendi a respiração... me deliciando... ele ficou quieto. De olhos fechados eu ouvia sua respiração de prazer... ainda permanecia parado... nenhum movimento... só sentia ele todo dentro de mim... o fitei e ele sussurrou: “a muito tempo quero te preencher assim. Foi muita ousadia você me beijar...”. Sem pensar o que dizer,  mexi de leve meu quadril... como uma onda... e me sentia feliz pelas aulas de pompoarismo... ele fechou os olhos e gemeu abafado. Sorri e aumentei a intensidade do movimento... ele não tinha mais como resistir... e de forma voraz entrou no meu ritmo. Me penetrando e saindo de dentro de mim. Eu inclinei a cabeça para trás... gemendo alto e senti um arrepio gostoso quando seus lábios quentes chuparam meus seios. Levantei meu corpo e agarrei seu pescoço... ele me carregou e apertei mais forte minhas pernas em sua cintura. Nossos corpos estavam suados... colados... mais uma vez nos beijamos... sentia ele todo dentro de mim... gemi.  E aquela sensação conhecida se apoderava do meu corpo. Ele estava com a respiração entrecortada e segurava firme minha bunda me levantando e me puxando para baixo num ritmo uniforme. E como se tivéssemos feito um acordo velado, gozamos ruidosamente juntos. "Uau!", ele disse quando desabamos na cama.

É, diário, quem diria que uma provocação inocente no passado renderia uma transa gostosa no presente. Como sempre, Raul me surpreendeu.

 

  • Nota: 8,5
  • Parceiro: Raul (valete)
  • Habilidades: beijo e respiração
  • Status: Visita a terra do frevo
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